terça-feira, 23 de março de 2010

FSU X Eike Batista

Acho que contradição é mesmo uma palavra que vai me "perseguir" por um bom tempo. Hoje fui até o Fórum Social Urbano e assisti uma mesa que contou com a participação do MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), na qual foi discutida a organização e sua criminalização por parte dos meios de comunicação e consequentemente da sociedade.
Mais a noite fui ver a palestra de boas-vindas aos calouros do curso de Administração da FGV com o tera ricasso Eike Batista. Fiquei assustada com o quanto ele é pretencioso com suas construções megalomaníacas, com os seus 100 lincenciamentos ambientais, com o quanto seu dinheiro se multiplica rapidamente e principalmente do quanto ele apoia esses megaeventos como a copa e as olimpiadas por que isso traz investimentos para a cidade, ou seja, para seus negócios como o Hotel Glória por exemplo.
Pois é, é até difícil fazer uma análise de discussões tão opostas com as quais me deparei num mesmo dia. Em um momento eu vejo o quanto as pessoas precisam se unir para lutar por um mundo melhor e diferente, e logo depois me deparo com um dos caras mais ricos do mundo tentando "ensinar" o caminho para ser bem sucedido e rumar para o individualismo onde o melhor é cuidar do seu umbigo e explorar a força de trabalho do próximo.
Pois é, quanta contradição não é mesmo? e o que me deixa mais intrigada é que o público a quem era direcionada as palestras eram jovens. A questão que me faço é como esses jovens foram impactados e o que eles levarão e farão daqui por diante? A resposta eu não tenho, contudo eu sei que não dá é pra ficar parado, esperando as ações da empresa do Eike renderem enquanto tem pessoas sendo desabrigadas para a construção de barragens sem indenizações. O primeiro passo? abrir a discussão para acréscimos, correções, críticas, elogios e tudo mais que quizerem comentar por aqui.

Obrigada.

terça-feira, 16 de março de 2010

Voltando...

Falar do EIV com certeza vai ser muito difícil por que muito mais do que um estágio, significa uma mudança de vida. Ao participar de um período de preparação onde pude sentir na pele o sentido de comunidade, de aceitação, e principalmente de um reconhecimento de mim no outro, de pessoas a quem hoje posso chamar de companheiros e amigos.
O período de vivência com os assentados me fez perceber essencialmente o quanto sou presa. Cheia de compromissos com a faculdade, com os serviços de casa, com meus amigos, com minha família e acabo perdendo a minha liberdade, acabando por ser moldada por ela e não a fazendo como me disse o chefe da família com quem convivi. Outra lição que apreendi de extrema importância é a de que não se pode simplesmente ignorar as injustiças e contradições que acontecem ao meu redor e até mesmo no próprio movimento,mas que tenho que lutar junto aqueles que assim como eu acreditam num mundo melhor e diferente.
A grande questão que me coloquei no momento de avaliação, e que até agora me aflinge muito é o como agir, como enfrentar essa "realidade" e também de que maneira responder a pergunta que meus amigos certamente me farão por muito tempo, como foi o EIV? Ainda acho insuficiente tudo que escrevi aqui para descrever a essa pergunta, mas por enquanto é um pouco do que consigo externar.
Como disse um amigo, o sentimento de aflição é um sinal de que me incomoda o fato de ter que voltar para casa com a consciencia de que não posso mais ficar parada, de que sinto a necessidade de estar na militância o tempo todo. Esse fato complementa uma outra fala de outro amigo que me fez enchergar que ao invés de pensar no "e agora? em que grupo tenho que me encaixar e militar?" deveria pensar no quanto a partir de agora eu sou militante, não somente por ter tido a coragem de enfrentar tudo para estar lá conhecendo um movimento, mas também por me sentir parte dele e acreditar que mesmo com tantas contradições ainda se pode construir uma comunidade através do amor e da organicidade.
A volta pra casa e para a rotina ainda não foram digeridas, assim como muitos debates, místicas e outras coisas que aconteceram nesse período de ausência e de intensa aprendizagem. Espero que aos poucos eu consiga retornar a tudo isso que ficou pra trás por tanto tempo, mas que a partir de agora serão encarados de forma diferente, por que a pessoa que as encara é diferente e vai lutar com todas as forças para que essa sementinha cresça e se multiplique sempre mais.
Acho que por enquanto esse foi um breve panorama de tantas coisas que tenho para gritar para o mundo.

"...Temos guardado um silêncio bastante parecido com a estupidez..."